O padre pode casar?

10/08/2011 16:40
Por Diác. Wagner Moura
Amados irmãos quero partilhar com vocês sobre um tema que causa muita dúvida e opiniões diferentes, inclusive no meio católico, que é sobre o Celibato Sacerdotal. Vamos juntos fazer essa caminhada, breve, mas suficiente para entendermos acerca do que a Igreja fala sobre a promessa do celibato para os sacerdotes, diáconos, o clero em geral. E você sabe por que o padre não pode casar? Pois bem, juntos vamos ver o que a Santa Mãe Igreja fala a respeito.
Em primeiro momento é importante saber que o padre diocesano, diferente do padre religioso ligado a uma congregação, não faz voto de pobreza, obediência e celibato. O padre faz “promessa” de Obediência e Celibato somente, vivem a pobreza como uma opção de vida pessoal na configuração de Cristo que se fez pobre por cada um de nós. Mas sobre este tema falaremos de outra vez.
Muitos hoje dizem que o padre poderia casar e ainda há aqueles que fazem uma série de perguntas tais como: se é necessário de fato em nossos tempos essa “severa” obrigação para aqueles que desejam serem padres? Não poderia tornar-se facultativa esta difícil observância, para aqueles que querem ser sacerdotes? É justo afastar do sacerdócio aqueles que parecem ter vocação ministerial, sem terem vocação de vida celibatária? Outros ainda afirmam que manter o celibato sacerdotal na Igreja muito prejudicaria, além disso, as regiões onde a escassez numérica do clero. O sacerdócio no matrimônio não só tiraria a ocasião de infidelidades, desordens e outros problemas no sacerdócio, que ferem e magoam a Igreja inteira, mas daria aos ministros de Cristo o mais completo testemunho de vida cristã, mesmo no campo da família, campo que lhes está excluído pelo estado atual em que vivem.
Apontamos até agora, irmãos vários problemas, precisamos então resolvê-los. Certo?
Bismarck, famoso ditador da Alemanha, dizia que: uma mentira dita um milhão de vezes, torna-se verdade. É assim que está acontecendo hoje. A mentira dita um milhão de vezes é a seguinte: Ninguém é feliz sem sexo! Portanto, o sexo tornou-se um valor absoluto, ele traz a felicidade! O sexo tornou-se Deus. Isso é mentira! A única coisa que em si mesma traz a felicidade é Deus nada mais. Deus nos chama e quer que vivamos a castidade, conjugada àqueles que fazem promessa ou voto, ao celibato.
A Igreja nos apresenta uma série de motivos que nos ajudam a entender melhor a questão do celibato sacerdotal: Cristológico, Eclesiológico e Escatológico.
No campo Cristológico o ministro, no caso o padre, encontra em Cristo o modelo direto e o ideal supremo (I Cor 11,1). Cristo manteve-se toda a vida no estado de virgindade, o que significa a sua dedicação total ao serviço de Deus e dos homens. O padre se faz celibatário, por sua configuração mais perfeita a Cristo que foi virgem e celibatário.
            No campo Eclesiológico o sacerdote, dedicando-se ao serviço do Senhor Jesus e do seu Corpo místico, que é a Igreja, em plena liberdade, torna-se mais capaz de ouvir a Palavra de Deus e de se entregar à oração. Cristo disse de Si mesmo: “Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer, produzirá muito fruto” (Jo 12,24). Assim o sacerdote, na morte cotidiana a toda a sua pessoa, na renúncia ao amor de uma família própria, por amor de Jesus e do seu reino, encontrará a glória duma vida em Cristo pleníssima e fecunda, porque, como Ele e nele, ama e se entrega a todos os filhos de Deus. O padre consegue se entregar melhor ao trabalho dando todo o seu tempo em prol das almas.
            Temos ainda o significado Escatológico do celibato sacerdotal: Cristo disse que “na ressurreição, nem eles se casam, e nem elas se dão em casamento, mas são todos como anjos no céu” (Mt 22,30). O padre já vive aqui na terra o estado de vida que todos nós teremos na eternidade, onde não haverá, esposo, esposa, mãe, pai, filho e filha, mas todos seremos irmãos.  
            Amados irmãos e irmãs não podemos acreditar que abolindo o celibato sacerdotal, as vocações sacerdotais cresceriam: a experiência contemporânea das Igrejas orientais e das comunidades eclesiais que permitem o matrimônio aos seus ministros nos dizem o contrário. A escassez das vocações sacerdotais deve ser procurada principalmente em outras causas. O problema tem portanto, que ser estudado na sua verdadeira raiz. O celibato não vai contra a natureza. O homem, criado à imagem e semelhança de Deus (Gn 1,2627), não é somente carne, e o instinto sexual não é tudo nele. O homem é também e sobretudo inteligência, vontade, liberdade e, graças a estas faculdades, é e deve ter-se como superior ao universo: elas tornam-no senhor dos próprios apetites físicos, psicológicos e afetivos.
O sacerdote, meus irmãos, pelo seu celibato, é homem solitário. Mas não é uma solidão vazia, porque está plena de Deus e da superabundante riqueza do seu reino. Além disso, ele preparou-se para esta solidão. O padre a escolheu conscientemente e não por orgulho de ser diferente dos outros, não para tirar de si às responsabilidades comuns. Separado do mundo, o padre não está separado do Povo de Deus, porque foi constituído em favor dos homens (Hb 5,1), consagrado totalmente ao serviço do homem, ou seja, o padre é ordenado para o serviço de cada um de nós. Ele só encontra sentido em sua vida sacerdotal quando trabalha, quando está a serviço do povo de Deus (I Cor 14,4ss). Quem escolheu ser todo de Cristo há de encontrar n’Ele a força de ânimo necessária para dissipar a melancolia e para vencer os desânimos. Não lhe faltará a proteção da Virgem Maria e os maternos cuidados da Igreja a cujo serviço se consagrou. O padre poderá sempre contar com o apoio do seu pai em Cristo, o Bispo, com a fraternidade íntima dos irmãos no sacerdócio e com o conforto de todo o Povo de Deus. Por isso amados, cada um de nós podemos ser de grande auxílio aos sacerdotes com dedicada e cordial amizade. A nossa presença têm a possibilidade de, em alguns casos, iluminar e confortar o padre que, imerso no ministério de Cristo e da Igreja, poderia vir a sofrer dano na integridade da vocação, devido a certas situações. Deste modo, amados, amemos os nossos padres, rezemos por cada um deles, da mesma forma que eles dão suas vidas por nós, demos então também as nossas vidas por eles, pois seremos recompensados ao exercermos a caridade para com os enviados de Deus. Como diz a sagrada escritura (Mt 10,42): “Quem vos recebe, a Mim me recebe; e quem me recebe, recebe ao que me enviou” (Mt 10,40).
Diác. Wagner de Moura é diácono da Diocese de Formosa-GO. Formado em Filosofia no Seminário Maior em Brasília - DF e estudante do 4º de Teologia no mesmo Seminário.Exerce seu trabalho pastoral na Paróquia Imaculada Conceição - Catedral
Bibliografia: Encíclica Celibatus Sacredotalis; texto: Celibato, Pe. Paulo Ricardo de Azevedo Júnior.