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Obediência: Expressão de Amor e Fidelidade - Sem. Leonasser Rodrigues
08/05/2011 13:48
por Sem. Leonasser Rodrigues
Ser obediente é algo que aprendemos desde crianças. Quando nossos pais tentam nos moldar à sociedade querem que compreendamos o certo e o errado, o que podemos ou não fazer. É o passo inicial para que se implante em nós algo chamado consciência moral. A questão é que não podemos ser crianças para sempre. E um dia crescemos e percebemos que, ao passar do tempo, nos tornamos cada vez mais responsáveis por nossas escolhas e ações. É quando percebemos que somos livres para opinar e eleger nossas vontades e pensamentos como certos ou errados. É quando surge o questionamento: “por que devo obedecer? Já sou dono do meu nariz”.
A obediência pode se dar por uma livre decisão e ação voluntária ou simplesmente por uma incapacidade de fazer escolhas. Como assim? Por exemplo: “Posso ou não seguir minhas convicções e valores e escolher não fazer o mal; simplesmente ignorar o bem e optar pelo mal” ou “Se no meu trabalho eu não obedecer às regras da empresa posso perder meu emprego”. A questão dos valores humanos conta muito para a busca da obediência. Porque fica a critério do indivíduo a opção de se subordinar a uma ordem, lei ou pedido. Não depende de outrem, aquilo que somente nossa consciência pode apontar. É nossa consciência que rege a nossa compreensão para julgar nossas atitudes.
A questão da obediência cobra um porquê de sua prática. Não se pode obedecer somente por obrigação. Na consciência cristã deve estar presente a pura disposição de obedecer por amor e não por causa da lei. Se essa disposição é cultivada dentro de nós, será mais fácil seguir um caminho orientado por Deus. Uma disposição que deve se chamar amor. Tudo o que podemos realizar que seja por amor a Cristo. Temos assim, o pleno sentido de nossa prática cristã, nossa fé. Deve ser pela fé que cada ser se disponibilizará para o serviço do próximo.
Também sabemos que “o Espírito sopra onde quer”, e por isso devemos estar sempre dóceis e atentos às aspirações de Deus em nossa vida. Assim, poderemos sempre estar disponíveis à Vontade de Deus. Esse “cumprir a Vontade de Deus” deve ser uma resposta de amor a tudo o que o Senhor nos dá, nos faz e principalmente, pelo que Ele é para nós. Sem a força do Espírito, não existe obediência porque não existe fidelidade. Ser fiel é uma característica primordial que deve ser almejada por aqueles que desejam trilhar o caminho da santidade. A perseverança nos traz a fidelidade, e a fidelidade nos torna obedientes.
É preciso ressaltar que se deve conhecer àquele a quem obedecemos. A experiência com Deus não pode se tornar algo somente passivo em que vou ao seu encontro apenas em casos de necessidade ou interesse. Aliás, de interesse sim: “estar com Ele”. E se essa for minha motivação maior, saberei que Deus sempre está atento a conceder aquilo de que necessito. É muito mais difícil sermos obedientes quando não gostamos de quem nos orienta. Essa relação de amor nos configurará a viver na obediência sem a considerarmos como um peso para nossas vidas.
A obediência cristã se destaca por ser algo livre e deliberado. Não devemos cumprir a lei somente por desencargo de consciência ou por costume, pois então, estaríamos sendo meros cristãos amedrontados. Aliás, nossa busca não deve ser nem mesmo somente por um
Céu, ou seja, uma recompensa ou um prêmio por termos sidos “bonzinhos”. Mas, deve sim ser uma disposição interior própria de quem faz tudo por amor e gratidão, por tudo o que já nos foi concedido.
Podemos perceber a obediência presente na vida dos personagens do Antigo Testamento. Desde a criação do mundo, quando Deus tudo fez e viu que era bom. Criou tudo que existe. Criou o homem e a mulher. Mas eis que o homem desobedeceu a Deus e por não observar a prescrição que o Senhor havia feito, o pecado entrou no mundo. Como por uma mulher, o pecado entrou no mundo, por uma mulher, o Salvador se fez carne no meio de nós. E, como nos diz o Catecismo da Igreja Católica no seu nº 148, “A Virgem Maria realiza da maneira mais perfeita a obediência da fé. Na fé, Maria acolheu o anúncio e a promessa trazida pelo anjo Gabriel, acreditando que “nada é impossível a Deus” (Lc 1,37) e dando seu assentimento: “Eu sou a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra”.”. Vemos que a Mãe do Senhor obedeceu, mas porque também era cheia de graça e fé. A fé é também requisito primordial para exercer a obediência. Crer e falar com Deus são expressões que estão muito ligadas. Ser alguém orante, como Maria, é de grande valia para se alcançar a graça da obediência. É preciso deixar de se dirigir a Deus como um “ELE” e relacionar-se com o Senhor como um “TU”. Melhor é para nós falar Com Jesus que falar D’Ele.
Portanto, para nos tornarmos servos obedientes como Maria, devemos ter sempre os olhos fixos e os ouvidos atentos ao Senhor como diz o salmista: “Levanto os olhos para vós, que habitais nos céus.Como os olhos dos servos estão fixos nas mãos de seus senhores, como os olhos das servas estão fixos nas mãos de suas senhoras, assim nossos olhos estão voltados para o Senhor, nosso Deus, esperando que ele tenha piedade de nós.” (Sl 123).
Leonasser Rodrigues é seminarista da Diocese de Formosa. Estudante do 1° de Filosofia e coordenador do Misitério para seminaristas da RCC- Formosa